quinta-feira, 20 de março de 2008

Algo de amor

Ele veio tão rápido, tão rápido... E eu sabia o que queria de mim.
Saiu quase do mesmo jeito que entrou, salvo a esperança que o acompanhava antes de entrar naquela casa. Não houve diálogo, nunca houve. Permaneci quieta debruçada na janela do único quarto que me permitia ver a rua. Ouvi quando a campainha tocou, mas não me mexi. Dona Olga deve ter atendido, sempre abre a porta quando recebemos visitas. Do quarto, sentia que ele tinha acabado de sentar na segunda poltrona – a que eu costumava tocar depois que ia embora - e que havia aceitado o café forte que convidava a rua a comparecer com suas xícaras. Parece-me que veio com notícias e no fundo, eu o imaginava perguntando:
- E Violeta, como está?
Ah, como queria respondê-lo! Mas não era permitido. A gente queria, mas não podia ser parte um do outro. Vinte minutos depois, poltrona vazia. Eu, ainda debruçada acompanhava seu passo lento descendo a rua. Precisava de um terno novo. Enquanto isso, Dona Olga jogava no lixo mais algumas flores endereçadas a mim.

3 comentários:

Flaveetcho disse...

=O

Q triste...
Coitada de Violeta...

Outra flor que vai pra o lixo... =/

Digomend disse...

Como Flavio falou, outra flor que vai pra o lixo. Pobre Violeta. Incrível como vcs conseguem extrair sentimentos de um conto que começou agora. Explico. Vcs pegam uma estória já em andamento, n precisou mostrar Violeta e seu relacionamento, foi logo pra parte do fim, e mesmo assim passou todo o sentimento direitinho. Eu ainda não consigo fazer isso! uauaaaauua
Talvez por isso seus textos sejam citados em aula!
Li duas vezes, primeiro li e entendi, depois li e vi como cena, imaginando como filme.
Texto muito bom, apesar do tema triste, mas muito bom!

C. disse...

e Violeta, como está?
tá debruçada na janela
debruçada na janela
a vida toda dela

olha Violeta triste
toda triste sem saber
que se há flores no lixeiro
pelo menos há canteiros
onde se possam colher

toda triste sem notar:
também há quem as recolha
mesmo sem ter a escolha
de poder lhe entregar